Brasília, 23 de outubro de 2025 – A indústria do Distrito Federal (DF) está passando por uma transformação silenciosa, mas impactante. Empresas que tradicionalmente operavam em modelos convencionais estão adotando tecnologia, gestão digital e inovação para crescer — e não se trata de casos isolados. A reportagem mostra como essa transição está acontecendo, quem são as protagonistas e quais são os efeitos para a economia local.

O cenário: indústria, inovação e economia local
Segundo dados do Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF), a economia do DF registrou crescimento em 2022 de 4,3% em relação a 2021, sendo que o setor industrial contribuiu com alta de 10,3%.
Mas não basta crescer: o desafio agora é tornar a indústria mais moderna, competitiva e conectada aos novos tempos. Nesse sentido, programas de mentoria, de aceleração digital e iniciativas público-privadas entraram com força.
Uma dessas iniciativas é o Hub da Indústria do Distrito Federal, conduzido pela Federação das Indústrias do Distrito Federal (FIBRA-DF) em parceria com outras entidades. Ele já atendeu mais de 120 indústrias e alcançou, em média, 45% de aumento de maturidade digital nas empresas assistidas — além de crescimento médio de produtividade da ordem de 20%.
Casos concretos: empresas que avançaram
CoPack Embalagens
Localizada no Setor de Indústrias Gráficas (SIG), a CoPack é um exemplo prático. Após participar do Programa de Mentorias para Transformação Digital, parte do Hub da Indústria, a empresa reportou um aumento de faturamento de 20%.
O que mudou? Gestão de estoque mais ágil, automação em processos de produção, maior integração digital entre setores.
Wise Tecnologia
Outra empresa do DF que se destaca é a Wise Tecnologia. O seu projeto “InovaWise” ganhou o Prêmio Nacional de Inovação na categoria Gestão da Inovação.
O diferencial foi a implantação de uma cultura de inovação contínua: ideias geradas por equipes, clientes e fornecedores, transformadas em novos produtos/serviços ou melhorias de gestão. Essa mudança ajuda a explicar como empresas médias estão deixando de ser ‘apenas’ industriais e virando também “indústrias de soluções”.
Por que isso importa para o Distrito Federal
- Competitividade e diversificação econômica: A indústria moderna reduz a dependência estrita de serviços públicos ou empregos públicos — reforça uma economia mais diversificada e resiliente.
- Geração de emprego qualificado: Processos digitais e inovadores exigem habilidades diferentes — o que pode elevar os salários e a qualificação dos trabalhadores locais.
- Atratividade para investimentos: Quando o ecossistema industrial mostra maturidade digital e inovação, torna-se mais atraente para fundos, parcerias e projetos maiores — alavancando o DF como polo de produção e tecnologia.
- Impacto em toda a cadeia produtiva: Fornecedores, logística, serviços de apoio, tecnologia — todos se beneficiam quando a indústria local se moderniza.
Desafios e o que vem por aí
Apesar dos avanços, o caminho ainda tem obstáculos:
- Muitas empresas ainda operam com maturidade digital baixa e resistência à mudança.
- Investimentos em tecnologia exigem capital, tempo e mudança cultural — não são automáticos.
- A necessidade de capacitação de pessoal: nem sempre a mão de obra local está preparada para as novas demandas de produção digital, automação, análise de dados.
- Integração com o ecossistema de inovação: as indústrias precisam se conectar a startups, pesquisadores, instituições — para que a inovação seja mais do que apenas tecnologia, mas também modelo de negócio.
O Hub da Indústria, ao entrar em fase de aceleração, aposta em atender mais de 30 empresas com foco em produto, receita e tecnologia, com investimento de R$ 550 mil na etapa de escala.
O que esse movimento diz sobre o futuro
A mensagem é clara: se a indústria do DF conseguir internalizar essa cultura de inovação — não apenas “ter tecnologia”, mas usar a tecnologia para reinventar processos, produtos e serviços —, então o Distrito Federal pode se afirmar não só como “capital política”, mas como “capital da produção inteligente”.
E isso abre espaço para mais: exportação de tecnologia, integração com startups, economia criativa, produção sustentável — enfim, uma indústria que dialoga com o século 21.


